Seguro de vida

Como evitar a destruição decorrente do pecado sexual


Allan H McLeod



“Tu és o homem!” (2 Samuel 12.7.)

A repreensão do profeta Natã rasgou o coração de Davi como a flecha que rasgou e matou Urias, marido da mulher que Davi usou indevidamente.

Interessante o furor de Davi ao ouvir contar a história do homem rico que se apossou da cordeirinha do homem pobre. Que senso aguçado de justiça – quando se tratava do erro alheio! E que falta de vergonha para mexer com a mulher de outro homem, sendo que tinha um harém lotado de mulheres dentro do palácio real para satisfazer seus desejos eróticos.

O que leva um homem a praticar um ato tão repugnante? Pois a Bíblia diz que “isto que Davi fizera foi mal aos olhos do Senhor” (2 Samuel 11.27). Por que o cantor Davi do Antigo Testamento e o cantor Jimmy da TV caíram no mesmo buraco da imoralidade? E por que tantos outros nos dias de hoje estão caindo? Pessoas que, como Davi, são homens “segundo o coração de Deus”, pastores respeitados, líderes evangélicos, membros atuantes de nossas igrejas? 

As justificativas que ouvimos são complexas: um casamento acabado, carência afetiva ou traumas emocionais. Mas a verdade é simples e sempre a mesma: alguém estava no lugar errado na hora errada, fazendo alguma coisa errada.

Davi estava em casa tirando uma soneca depois do almoço quando deveria estar à frente do seu exército, pois o texto afirma que era “o tempo em que os reis costumam sair para a guerra”. E depois de se levantar, em vez de ficar intercedendo pela vitória de Israel sobre os filhos de Amom, ele estava à toa, passeando no terraço da casa real. 

Que situação perigosa! Fora de lugar, fora de hora e fora de propósito! 

E a história vem se repetindo, dia após dia, mês após mês, ano após ano: homens e mulheres caindo nessa armadilha do diabo. Se você e eu estamos bem casados e seguros da nossa posição em Cristo, é apenas pela graça de Deus e não por nenhum mérito nosso, pois estamos sujeitos às mesmas paixões dos demais. 

Em 1 Coríntios 10, Paulo afirma que as coisas que aconteceram com os israelitas no deserto “se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram”. E exorta os irmãos de Corinto, capital da luxúria, dizendo: “e não pratiquemos imoralidade, como alguns deles o fizeram, e caíram, num só dia, vinte e três mil”; “Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado. Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (vv. 6,8,11). 

O Deus que não deixou passar o pecado do povo de Israel sem castigo não vai fazer vista grossa aos nossos deslizes morais. O dia da prestação de contas está chegando, quando todos estaremos diante do tribunal de Cristo. Podemos enganar a esposa, os irmãos da igreja e a sociedade, mas “de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna” (Gálatas 6.7,8).

Vivemos assediados diariamente pela mídia e pelos sites licenciosos na internet. Nosso adversário, o diabo, não perde nenhuma oportunidade de nos pôr face a face com cenas das mais devassas, a fim de estimular a nossa libido. Ele “anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1 Pedro 5.8). E estou convencido de que a comida predileta dele são os pastores! É difícil passar uma semana sem ouvir de mais um que caiu no laço dele.

O que fazer? Como é que eu, um homem mortal, às vezes dominado por paixões quase incontroláveis, posso me livrar das garras da imoralidade? Existe uma salvaguarda? Eu fiz a seguinte pergunta para Deus, após uma conversa com um colega de ministério sobre alguns casos de adultério que ele estava ajudando a solucionar.

Peguei o carro para dar uma volta, e no silêncio da manhã perguntei: “Pai, como eu posso me livrar de cair nessa ‘fossa’ do pecado sexual? Conheço a fraqueza da minha carne”. A resposta veio prontamente: “Eu guardo todos que queiram ser guardados, mas o único lugar de segurança é aqui, perto do meu coração”.

Lembrei-me, então, da promessa do Salmo 91: “O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio. Pois ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa. Cobrir-te-á com as suas penas, e, sob suas asas, estarás seguro; a sua verdade é pavês e escudo. Não te assustarás do terror noturno, nem da seta que voa de dia, nem da peste que se propaga nas trevas, nem da mortandade que assola ao meio-dia. Caiam mil ao teu lado, e dez mil, à tua direita; tu não serás atingido” (1-7).

Sim, existe um lugar seguro. A presença de Deus é um esconderijo para onde podemos correr nas horas em que a tentação é mais forte, e ali encontrar refúgio. E, melhor ainda, podemos “habitar” nesse lugar, assim nos livrando do terror noturno, das setas que voam de dia, da peste que se propaga nas trevas e da mortandade que assola ao meio-dia. José, no auge de sua virilidade, no Egito, conseguiu se livrar das garras da mulher de Potifar porque andava na presença de Deus. A Bíblia afirma várias vezes que “Deus era com ele”, e sabemos que Deus não aceita a companhia de pessoas ímpias. A mesma graça superabundante que sustentava e livrava o jovem José está à nossa disposição hoje. 

Deus pediu a Abraão que andasse na sua presença. E pede o mesmo a nós. Andar com Deus significa ficar junto a, permanecer ao lado dele, com o coração voltado para ele e os pensamentos controlados pelo Espírito Santo. Parece ser um pedido impossível de satisfazer, pois os pensamentos maus nos atacam como piranhas acometendo um corpo estranho. Felizmente, Deus não está contando com nossa força de vontade ou capacidade de determinação. Ele nos oferece a morte com Cristo na cruz para solucionar o problema do velho homem, e o fruto do domínio próprio, que podemos apanhar pela fé e utilizar em defesa própria quando “a coisa aperta”.

 Sou testemunha da operosidade desse poder de Deus. Às vezes, eu me esqueço de apanhar o fruto, mas, quando o faço, o livramento é imediato, pois a provisão divina para uma vida santa inclui todas as áreas da nossa vida.

Podemos optar por tomar o tempo necessário de viver perto do coração de Deus e de nos alimentar constantemente da Palavra. Ou podemos ficar bebendo das cisternas rotas de sites licenciosos da Internet, e de filmes e programas da televisão que deturpam nossa mente e nos afastam de Deus. Temos a promessa de todo o poder de Deus operando em nós (Efésios 3.20) para nos manter puros e imaculados até a vinda de Jesus. 

Que Deus nos conceda a graça de permanecer sempre em seu esconderijo, onde ele se responsabiliza pelo cuidado de nossas necessidades, tanto espirituais como físicas, de acordo com os princípios que ele mesmo estabeleceu. Assim, o Cordeiro que foi morto verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito. 

Eu quero dar esse prazer ao Senhor. 


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Allan H. McLeod foi professor e capelão do Seminário e Instituto Bíblico Betânia, em Altônia, PR. Faleceu em 2013.

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