Como mantivemos um casamento feliz por 53 anos

Com 17 anos, pisei no lindo campus da Bethany Global University – uma caloura animada, mas sentindo-me tão madura, preparada para sair de casa e encarar o mundo sozinha.   Meu pai me ajudou a levar as roupas, livros, sapatos e malas para o terceiro andar do dormitório feminino – meu novo lar. À distância, alguém nos observava – um jovem calouro de 18 anos. Mais tarde, ele confessou que chamei a sua atenção naquele dia.  Soube o seu nome apenas ao iniciar as aulas – Patrick Bernard Dugan.

Começamos a namorar no segundo ano do curso. Um mês após a formatura, eu ostentava uma aliança que me deu o direito de ser chamada de Senhora Dugan. (Como esse nome deslizava deliciosamente pela minha língua!) Casamento é o grande revelador de maturidade e logo descobrimos a nossa. A primeira surpresa veio em nossa lua de mel, ao fazer compras no supermercado.  Eu colocava itens no carrinho e Patrick tirava, pois ele sabia quanto dinheiro tínhamos para gastar e eu não tinha noção nenhuma! Assim começou a saga da nossa jornada a dois.  Em 29 de junho deste ano, celebraremos 53 anos de um casamento muito feliz! Existe algum segredo em nosso casamento?  Acho que não, mas a vida nos ensinou muita coisa.

 

  1. A CRUZ ESTÁ NO CENTRO DO NOSSO CASAMENTO

Mesmo antes de dizer “Sim! Sim!” diante do altar naquela noite junina, já havíamos dito para Deus o mesmo “sim” como indivíduos. O nosso casamento sempre foi um “triângulo amoroso”:  Deus, Patrick e eu!  À medida que trocamos o egoísmo pelo amor, chegamos mais próximos de Deus e, consequentemente, um do outro.  É uma questão simples de matemática!

                                                      

  1. 2. TENTAMOS MANTER VIVA A CHAMA DO ROMANTISMO
  • O aniversário de casamento é de alta importância

Descobrimos isso por acaso ao celebrarmos o nosso quarto aniversário. Até então, saíamos para jantar fora num restaurante especial, mas, naquele ano, decidimos também pousar num hotel.  Houve “fogos de artifício” naquela noite, e sabíamos que queríamos repetir isso todos os anos!  Quando o aniversário de 45 anos de casados chegou, Patrick perguntou a si mesmo quantos aniversários de casamento nos restavam. Naquela hora, acendeu uma luz brilhante na sua cabeça:  por que não celebrarmos também cada meio ano de casados?  Então, seis meses depois, comemoramos 45,5 anos. Isso, agora, tornou-se o nosso “normal”.   A mensagem que esse ato transmite é: nosso relacionamento é de suma importância e merece que gastemos dinheiro e tiremos tempo da nossa agenda cheia para valorizar um ao outro. E cada ano depositamos novas memórias num baú de memórias já transbordando.

 

  • Saímos juntos

Quando as crianças eram pequenas, raramente saíamos juntos para algum programa, mas acontecia. Meu coração de mãe relutava em deixar meus filhos mesmo por poucas horas, mas sou grata pela insistência de meu marido. Foi muito importante para mim ter um descanso das demandas dos filhos, mesmo que fosse por pouco tempo.  Eu me sentia valorizada (e o marido ganhou uma mulher mais descansada!).

 

  • Conectamo-nos durante o dia nem que seja por 10 minutos

Anos atrás, morávamos num seminário internato e levávamos uma vida agitada, mas, de vez em quando, Patrick me chamava para tomar uma Coca na lanchonete da escola.  O nosso tête-à-tête durava cerca de 10 minutos, mas me sentia amada.

Hoje, eu e Patrick trabalhamos em casa, cada um no seu escritório poucos metros distantes um do outro.  Mesmo assim, duas vezes ao dia – sem falhar –, Patrick aparece no meu escritório com uma xícara de café e algo para comer! 

 

  • Fazemos sexo – sentindo paixão ou não!

Essa frase soa estranha aos seus ouvidos?  Mesmo na época que os nossos hormônios eram mais novos e persistentes, às vezes, o estresse e o cansaço da vida prejudicavam nossa intimidade. Nessas horas, a gente anotava na agenda: “fazer sexo”. Queremos fazer sexo enquanto pudermos, pois é a cola divina que nos mantém amantes e não apenas companheiros.  Casamento sem sexo é como morar com sua tia – pode ser uma boa pessoa, mas não traz nenhuma paixão à vida.

  1. RIMOS À VONTADE!

        A vida é curta demais para levar tudo a sério. Sempre gostei do humor meio seco de Patrick e do seu jeito de fazer trocadilhos. Não estou falando de contar piadas. É diferente. Podemos rir das gafes cometidas e momentos envergonhadores ou desastrosos pelos quais passamos. Uma das nossas histórias engraçadas foi o dia em que fomos a um restaurante cubano em Nova Iorque com meu irmão e família.  Todos almejavam experimentar caldeiradas de frutos do mar – menos Patrick.  Naquela noite, ele resolveu pedir algo inusitado – língua de boi. Não sei de que jeito ele imaginava que seria feito. O garçom trouxe os nossos pratos deliciosos, e colocou na frente de Patrick um pratinho com apenas uma língua grossa, sem enfeites ou molhos por cima! Ele olhou estupefato enquanto rimos às suas custas! É uma história que gostamos de recontar e rir de novo. Rir juntos faz bem!

 

  1. O TEMPO É UM GRANDE PROFESSOR

            Com o tempo, as pequenas manias que nos irritam perdem sua importância. Parei de me incomodar quando acho a tampa do vidro de conservas ainda meio frouxo e Patrick se cala quando encontra o mesmo vidro apertado demais! Começamos a olhar um ao outro pela lente da fragilidade humana e escolhemos elogiar as qualidades boas do outro em vez de corrigir os erros.

            Cinquenta e três anos atrás, trocamos votos à luz de velas sem nos dar conta do peso das palavras tão facilmente pronunciadas. Hoje, as mesmas palavras carregam o peso de tudo o que vivemos ao longo destes anos – as noites mal dormidas ao lado de filhos doentes, os risos ao vê-los equilibrar-se em sua bicicleta, o orgulho nas conquistas e a vergonha nas derrotas, as palavras ríspidas, mas muitas outras carinhosas, as mágoas, sem merecer a graça do perdão oferecido. O relacionamento é refinado pelo fogo, formado na bigorna dessas coisas, e, se reagirmos corretamente, produz um casamento duradouro que vale mais que ouro!

                                              Amor por toda a vida.
- Nedra Ann Dugan: Missionária da MEB. Nasceu em Grafton, Dakota do Norte, EUA. Musicista e escritora, junto com o Patrick, seu esposo, fundou o grupo musical Vida Abundante. 
Mora no Brasil desde 1974. 
Família

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